Pus-me a escrever. Dissertaria sobre a insatisfação, crônica, humana. Meu plano falhou. Contaria sobre a constância desse sentimento, sobre sua persistência e como era parte de nossa essência. Mas meu plano falhou. Diria -“tudo é sempre muito pouco”, que “muito pouco já é sempre demais. “Só faz frio”, “anda chovendo muito”, “o planeta está aquecendo”, “tempo maluco”. “Tanto a fazer”, “nada para fazer”. “A vida é curta!”.“A vida é dura!”.“É a vida!”- é, mas meu plano falhou.
Falhou porque, enquanto escrevo, admiro a água que desemboca em um rio onde, ao longe, se refresca o gado. Falhou porque agora o Sol doura minha pele gentilmente, enquanto a brisa seca o suor de meu rosto. Falhou porque ouço pássaros a cantar, crianças a gritar e vida- quanta vida!- a vibrar. Falhou porque tudo isso me satisfaz nesse momento, porque não desejo nada além do que vejo, ouço e sinto. Falhou porque aqui permaneceria, porque é tudo que, um dia, almejaria, o que infinitamente me satisfaria.
Amei ler esse texto ;D
ResponderExcluir...em um momento nos faz pensar nas pelavras que dizemos o dia todo, quanto reclamamos, quanto tempo perdemos com isso, falamos de tudo, se chove, chove demais, se ta frio, ta frio demais, e assim por diante... e por idiotice talvez, esquemos da vida se corre la fora, fora do nosso "mundo" , -a quanta vida-
Depois simplesmente caimos na real, como voce mesmo disse -O plano falhou- , pode até ser bom o plano ter falhado, pois faz-nos pensar nas pequenas e mais simples formar de vida existentes em nosso universo, o quão bom e saudavel é sentir o frio, o calor. Pena que o homem ja não pensa nisso, e esta acabando com tudo=s
A Bíblia, Luís Vaz de Camões e Ranato Russo diriam que isso "é nunca contentar-se de contente." Eu que ainda não aprendi a dizer o que sinto, digo apenas que o texto é mesmo lindo e, que o cenário descrito é familiar (acho que já estive nessa completude antes).
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