quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vento cata, cata-vento

O cata-vento girou contra o vento, mais uma vez. Girou, girou em velocidade imprevisível, inconstante.  Ameaçou ceder, voltou a girar impetuoso. O vento se desorientou, persistiu, se desvairou. Desvairamo-nos. As nuvens logo estavam reunidas, desuniram-se em tempestade. Esperançou-se o fim do atroz cata-vento, fora inútil, ele era resistente, impermeável. Inundou, só inundação. O canta-vento não deu trégua. Girou, girou, girou.
Calmaria, a calmaria que antecede o pior, não a paz, o temor. Equivocou-se. O vento lembrou, o vento ventou, sem notar a direção do cata-vento, ventou majestosamente, ventou soberano, ventou destemido. Ventou. Era o cata-vento e não o vento que estava desorientado. Tantos outros cata-ventos a favor! Ventou, ventou, ventou. Deixou que girarassem contra, a favor, já não importava. Viu-se surgir a fé. Esperançou-se, novamente, esperançou-se não fim, esperançou-se a continuidade, independente, do percurso.


Dedicado a minha amiga Isabela e a sua família.