segunda-feira, 16 de julho de 2012

Entre Grades


Era a esperança lá, mais uma vez. Era a luz, ali, sobre todas aquelas soldadas da vida, guerreiras do mundo suburbano, amantes das pequenas grandes aventuras e das grandes pequenas ilusões. Ah, e aquilo a que se apegavam, aquilo que tinham entre os dedos entrelaçados era tão maior, tão maior que todas elas e, ainda assim, conseguiam carregar o todo em suas mãos gastas, mãos cuja delicadeza há muito havia desaparecido. Eram mulheres, mulheres mães, mulheres filhas, mulheres.
A esperança estava lá, pairando sobre almas feridas. A dor do passado é a maior de todas elas, é incurável, pois não se apaga. Agarravam aquela massa sem forma como se essa fosse a redenção. Carregavam-na com cautela, com desejo, com exaltação. Veneravam, veneravam, acreditavam.
Foi então que da vida se fez história, da esperança se fez a fé e da mudança se fez milagre. E o mundo silenciou diante da grandeza da realidade, da grandeza do ser e existir, da grandeza da mulher. Ao menos aquele mundo, aquele entre as paredes e as grades que as separavam da imensidão de outras existências, silenciou. A fé e a esperança, mulheres e...mulheres.