quinta-feira, 26 de maio de 2011

Seja o que deixei de ser!

Talvez as palavras que eu digo não sejam aquelas que você esperava ouvir. Talvez você não encontre nelas o conforto que desejava. Talvez elas soem como julgamentos. Talvez pareça que nunca deslizei, que nunca agi impensadamente. Talvez você conheça minhas razões.Mas a verdade escondida atrás de todos os ‘talvez’ é que eu temo que tome os mesmos caminhos tortuosos que tomei. Temo que vivam em você as mesmas feridas que hoje tiram meu sono. Temo que passe anos a tentar, inutilmente, apagar o passado. Temo que veja no espelho a sombra de alguém que preferia jamais ser, mas foi. Temo que haja um vazio irreparável em sua alma. Temo que seja tudo aquilo que fui um dia e que, mais tarde, se torne tudo o que sou hoje.

sábado, 21 de maio de 2011

Voz Muda

Não posso ser o que um dia desenhaste em sonho, não tenho os contornos que um desejaste tocar, não falo manso, não sou tão sutil quanto imaginaste. Compreendo a todos, aceito todos, entendo que não sejas como eu, não espero que sejas, não esperes que eu seja. Compreendo sim, mas sinto. Sinto, sofro, desatino. Compreendas-me, é meu apelo. Preciso existir ainda, preciso existir apesar da tua existência, preciso que compreendas.
Não, não sou o que ideaste. Sou aqui, sou agora, sou tudo e, para ti, sou nada. Mas essas são apenas palavras caladas, ainda que dissesse não ouvirias, farias delas outras, farias delas espaços vazios, silêncio.