Uma memória, já desbotada, esboçava apenas os traços de um passado que não exigia esforço para ser lembrado. Os tons vivos do presente pertenciam aos jovens. Jovens pintavam informações, pintavam suas mentes sem que a tinta ultrapassasse as linhas delimitadoras. As mãos dos jovens eram firmes. O velho da memória desbotada já tinha mãos trêmulas, já tinha voz trêmula. A memória do velho não absorvia as novas cores mas ele insistia, franzia a testa como se isso tornasse a mente mais aderente. O tempo se incumbira de deixar sua marca, em cada dobra de testa franzida, de olhos espremidos, de sorrisos forjados, o tempo se incumbira de desbotar a memória.
Fez-se do velho, chacota. Sem que se soubesse que o velho fora jovem, sem que se soubesse que o jovem será velho, fez-se piada. Piadas que desenharão traços de um futuro passado sem graça.
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